sábado, 30 de outubro de 2010
Brás Cubas, Quincas Berro D’água, Augusto Matraga, Sr. José / Assis, Amado, Rosa, Saramago
Os temas não mais exaltam os valores sociais, como no romantismo, mas os criticam ferozmente. Outra grande característica do realismo, além da crítica social, é o tratamento de caráter psicológico que as personagens recebem. As personagens são descritas a partir de seus pensamentos, hábitos e contradições.
A obra Memórias Póstumas de Brás Cubas inaugura o realismo brasileiro, contando a história de um defunto, após sua morte, é um morto autor, nunca um autor morto. Ele pode contar a própria história sem o crivo sensacionalista e julgador da sociedade. Conta de sua vida decadente, com os aspectos psicológicos da vivência do narrador. Não das situações, nem das paisagens, o que importa é a descrição interior das personagens. Um morto pode falar mais do que um vivo, pois já não pertence à nossa sociedade, mas a outra esfera; aquela de quem já não pode ser julgado. Em “A morte e a morte de Quincas Berro D’água”, o morto é tido como alguém digno de respeito, aquele que deve poder servir de exemplo às crianças e às gerações vindouras. Talvez este seja o grande trunfo de Quincas Berro D’água e Brás Cubas.
Quincas Berro D’água nasce da morte de Joaquim Soares da Cunha, Matraga nasce da morte de Augusto Esteves e Sr. José nasce de um amor platônico. Os quatro livros são compostos de crises emocionais e fatos de iniciação reflexiva. A análise feita por Brás Cubas faz ser refletida uma imagem de sociedade e um cenário de sentimentos que transparecem na visão dele. Os cenários de Berro e Matraga se confundem e o do Sr. José simplesmente é espetacular. As imagens produzidas por Saramago são de uma clareza difícil de se entender em um livro escrito de forma tão direta. Talvez seja pelos diálogos escritos tais quais seriam no cinema ou no teatro.
A morte está sempre presente nos três livros: Brás Cubas é um morto que fala, Quincas é um morto do qual falam, Matraga é um sujeito às voltas com a vontade de ir pro céu assim que morrer e o Sr. José procura uma mulher que ele nem sabe se já morreu.
A imaginologia presente em Brás Cubas, Quincas, Matraga e Todos os Nomes é uma chance grande de que as realidades são muitas e iguais e convertem-se em uma só. Sim, todas as coisas têm nomes e todos os nomes são alguma coisa.
sábado, 25 de setembro de 2010
Atleticanos
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Recordar é reviver...
sábado, 18 de setembro de 2010
Saudades
domingo, 9 de maio de 2010
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Não podemos elogiar nada... Eu estava achando lindo ver o futebol bonito e a humildade dos meninos da vila...Mas, eis que um dos mais experientes, que deveria dar o exemplo, faz uma coisa daquelas... Eu nem estava achando ruim o Santos ganhar do Atlético... Mas, depois daquilo eu fiquei indignadaaaaa... Bica Galoooooo... Aquilo foi uma falta de respeito, foi abuso de quem quer forçar uma situação de continuar na ingenuidade... Foi provocação demais...
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Goleiros do Glorioso
Goleiros do Atlético
Hoje é dia do Goleiro
EURICO CATÃO - PRIMEIRO ARQUEIRO DO GLORIOSO
Anos 30
35 a 54 – Kafunga
39 a 42 - Espanhol
Anos 40
46 a 51 - Armando Gione – Mãos de Onça
Anos 50
51 a 57 - Sinval
58 e 59 - Caetano Silva – Veludo
Anos 60
59 a 62 – Fábio
62 e 63 - Marcial
63 a 65 – Luiz Perez
67 – Gustavo Carias
68 a 73 - Mussula
66 a 70 – Hélio
Anos 70
68 a 76 – Careca
70 a 72 - Renato
72 a 74 - Mazurkiewicz
76 a 89 – João Leite
76 e 77 – Ortiz
77 a 80 – Sérgio
78 a 85 – Luiz Eduardo
Anos 80
80 e 81 – Celso Bottega
81 a 87 – Pereira
86 a 91 - Rômulo
87 a 90 - Maurício
Anos 90
90 e 91 – Carlos Gallo
91 a 95 - Humberto
92 - Fred
92 e 93 – Cláudio Santos
93 – Luiz Henrique
93 e 94 – Assis
94 – Léo Percovich
95 e 96 – Adílson
96 e 97 – Paulo César Borges
95 a 98 – Taffarel
95 a 99 - Hugo
98 – Hiran Sapgnol
98 e 99 – Émerson
98 a 01 - Kléber
99 – Fabrício
99 - Léo
Anos 2000
1999 a 2004 - Velloso
2000 a 2002 – Edmar
2001 e 2002 - Milagres
2002 a 2004 – Eduardo
2002 a 2004 - Bonan
2004 a 2006 – Bruno
2004 e 2005 – Danrlei
2005 a 2007 – Diego
2005 a 2009 – Edson Lisboa
2006 e 2007 – Laílson
2007 a 2009 - Juninho
2008 - Sérvulo
2008 e 2009 – Bruno de Fuso
2009 – Nícolas
2009 – Paulo Vítor
2009 – Renan Ribeiro
2009 - Aranha
2009 – Carini
2010 – Marcelo
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Sentir? Sabe o que é?
Leia de baixo pra cima, por favor...
Prometo que farei melhor da próxima vez...
- Retweeted by Cassinha168
- AnaFatimaEduc @sergio_leodoro E ideais precisam ser sentidos... Além d necessitarem uma grande porção de realismo." Pq nos/aos olhos dela vc é completo".4 minutes ago via web in reply to sergio_leodoro
- AnaFatimaEduc @sergio_leodoro Perdi a fala, isto aconteceu ontem... Serviu para que eu refletisse que amamos ideais...7 minutes ago via web in reply to sergio_leodoro
- AnaFatimaEduc @sergio_leodoro Carne que precisa de significação... Eu sentia aquela pele me asfixiar, sem jamais ter tocado nela...9 minutes ago via web in reply to sergio_leodoro
- AnaFatimaEduc @sergio_leodoro Vi-me refletida em luz em toda a extensão do corpo daquele homem... Mas ele era apenas um corpo...12 minutes ago via web in reply to sergio_leodoro
- AnaFatimaEduc @sergio_leodoro Eu tentava me ver nos olhos dele, mas não o conhecia. Apenas encontrei alguém, visualizei aquele a quem procurava...14 minutes ago via web in reply to sergio_leodoro
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- AnaFatimaEduc @sergio_leodoro E ideais precisam ser sentidos... Além d necessitarem uma grande porção de realismo." Pq nos/aos olhos dela vc é completo".4 minutes ago via web in reply to sergio_leodoro
- AnaFatimaEduc @sergio_leodoro Perdi a fala, isto aconteceu ontem... Serviu para que eu refletisse que amamos ideais...7 minutes ago via web in reply to sergio_leodoro
- AnaFatimaEduc @sergio_leodoro Carne que precisa de significação... Eu sentia aquela pele me asfixiar, sem jamais ter tocado nela...9 minutes ago via web in reply to sergio_leodoro
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- AnaFatimaEduc @sergio_leodoro Eu tentava me ver nos olhos dele, mas não o conhecia. Apenas encontrei alguém, visualizei aquele a quem procurava...14 minutes ago via web in reply to sergio_leodoro
sábado, 3 de abril de 2010
Viajando
Imagem e palavra
Imagem: do latim imagine. Representação gráfica, plástica ou fotográfica de pessoa ou de objeto. Reprodução invertida de pessoa ou objeto. Representação dinâmica, cinematográfica ou televisionada de pessoa, animal, objeto, cena. Reprodução exata de um ser. Representação mental de um objeto. Aquilo que evoca uma determinada coisa. Manifestação sensível do abstrato ou do invisível.
O fotógrafo não retrata o inimaginável, porque só pode haver imagem do imaginável. Mas, como tudo pode ser imaginado, o fotógrafo pode retratar tudo o que quiser. Talvez a sinestesia o ajude com isto. Fotografa-se o cheiro pela cor que aparece na imagem e evoca a sensação de jasmim. Fotografa-se o silêncio porque este tem um não sei que de sofrimento e aparece no caminhar solitário ou carregado de um bêbado na madrugada. Fotografa-se a existência porque só o que existe pode ser fotografado, aliás, tudo o que é fotografado passa a existir. Fotografa-se o perdão, pois este está no olhar cândido e tranqüilo. Fotografa-se o sobre, porque este era um sobre cheio de paisagem ou de vazio mesmo. Fotografam-se a criatura e o criador, pois são.
As palavras sugerem imagens (Ricouer), porque todas as imagens se tornam palavras. Quando falamos sobre o abstrato, as imagens ficam em nossas mentes e nos fazem ter reações, inclusive físicas. Quem nunca se arrepiou ao ouvir a palavra ódio, ou a palavra amor? Quem nunca percebeu o rosto se enrubescer ao ouvir a palavra tesão? Quem nunca tremeu ao ouvir a palavra agressividade?
A subordinação semântica se dá entre a imagem da palavra e a palavra da imagem, uma e outra afloram o real sem deflorá-lo, colocam em jogo reminiscências de real, do fictício e do imaginário (Brito). Será que há ainda imagens sem palavras? Ou existem palavras sem imagens?
Questões caras à literatura, com o cinema parecem ganhar nova luz. Entre ficção e realidade, no cinema desfazem-se distâncias, segundo Rancière. Não concordo com tal afirmação, uma vez que, na literatura, é dado o direito do sonho, a liberdade da imaginação. No cinema, já está tudo lá, cores, modelos, estilos. Imaginar uma cena de um livro é altamente produtor de criatividade. Já assistir à mesma cena no cinema não tem o mesmo prazer.
O cinema encerra a cena. No livro, cada passagem pode se transformar em inúmeras cenas, de acordo com a subjetividade do leitor. As descrições são muito mais ricas na literatura que no cinema. O cinema resume as personagens.
E como fotografar o silêncio, como reproduzir o som com palavras impressas? Assim como o que está escrito existe, assim como o que foi filmado existe, também o que está na internet tem chances de ser eterno ou não. Se o fato estiver somente na internet e for apagado, deixará de existir em pouco tempo, talvez não dure um mês.
Jornais, cinema, literatura, teatro e televisão são pra toda a vida. Mas eu não posso confiar à internet o legado de ser transmissora de cultura para as próximas gerações, porque ela não é.
Ana Fátima de Rezende Gomes
Manuelzão
O Fotógrafo
Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre
as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando um bêbado.
Eu fotografei este carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do que na
Pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um zul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Olhei uma paisagem velha desabar sobre uma casa.
Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre.
Por fim enxerguei a Nuvem de calça.
Representou para mim que ela andava na aldeia de
Braços com Maiakovski – seu criador.
Fotografei a Nuvem de Calça e o poeta.
Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.
BARROS, Manuel. Ensaios Fotográficos. Record. Rio de Janeiro 2001
sexta-feira, 19 de março de 2010
O primeiro livro, a gente nunca esquece? Sei lá se com todo mundo, mas comigo foi assim. A Família Ratatão foi o primeiro livro da minha vida de leitora. Foi o início de uma sequência de leituras constantes, de um vício incontrolável, de uma fome insaciável por letras, palavras, sensações, idéias.
Mas acho que o letramento independe de alfabetização. Já lemos muitos textos antes de sabermos decodificar as letras. Por isso, não acho que A Família Ratatão tenha sido meu primeiro indício de letramento, mas eu o li ao meu irmão, sentada em um banquinho de frente a ele, entre nós uma mesinha de concreto, no meio da praça Getúlio Vargas, em uma manhã nublada, no ano de 1985.
Li também Lúcia Já Vou Indo. Consigo ouvir a melodiosa letra daquele livro, parece escrita sobre uma estrutura ensaboada de ciranda de roda. Acho que já nasci gostando de ler. Nenhum professor teve problemas em me fazer querer ler alguma coisa. Meus pais sempre foram leitores assíduos.
Lembro-me de meu pai lendo pilhas e pilhas de livros espíritas. Mamãe, professora de história e língua portuguesa. Papai, advogado e escritor. Sempre deram tanta importância aos livros que as estantes lá de casa ficavam na sala de estar.
Na minha adolescência, li todos os volumes da Agatha Christie da Biblioteca Municipal. Lia crônicas em coletâneas e nos jornais. Sempre gostei de Roberto Drummond.
Gosto de sentir o que as personagens sentem, de perder o ar de tanta emoção. Amo textos ambientados em outros tempos, antigos, que me permitem sentir o cheiro de uma época, ouvir os sons de uma paisagem amarelada... Chego a sentir as barbatanas daqueles espartilhos apertando minha cintura.
Acho que, ao estudar Letras, minha paixão pela leitura, pelas entrelinhas, aumentou consideravelmente. Gosto também de livros-documentários. Sei lá, acho que gosto de tudo que é fantasioso e me permite fantasiar.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Alfabetização e Letramento
A resenha abaixo foi produzida a partir de um texto elaborado por Cecília Maria Aldigueri Goulart, doutora em Letras pela PUC-RIO, para apresentação no programa Salto para o Futuro, na TV Escola 2003. (Disponível em http://www.tvebrasil.com.br/salto)
A linguagem está onde o homem está. A linguagem não existe senão por causa da comunicação. O homem não pode viver sem se comunicar, para tanto, criou códigos e definiu parâmetros para nortear o desenvolvimento da linguagem, dos modos de se fazer entender, se expressar.
A narrativa é a forma mais antiga de se compor um acervo de conhecimentos. O homem conta o que fez, como fez, para que fez, por que fez, onde fez, com o que fez. A linguagem escrita é fundamental para que a posteridade compreenda o contexto no qual foi produzido o conhecimento.
A escrita é a materialização da idéia, para se realizar necessita de um suporte, que já foi parede de caverna, hoje é muro de escola; já foi faixa de protesto, hoje é fronha personalizada; já foi papel na máquina barulhenta de escrever, hoje é tela que carrega bites e reflete letras.
A escrita ficou tão importante que tomou o lugar da palavra. Se antes a palavra era dada como fechamento de um negócio, hoje o papel assinado não fica fora de contrato algum. Sendo assim, quem não sabe ler fica fora da sociedade. O preconceito lingüístico tem, aqui, sua principal explicação: se a escrita vale mais que a palavra, quem usa a palavra mais próxima desta escrita tem mais valor do que aquele que usa a forma mais distanciada dela.
Mas, saber escrever não significa conhecer vários assuntos e, sim, saber registrá-los corretamente de acordo com a situação. Isto é letramento. Usar os conhecimentos adquiridos na escola, intertextualizando-os e textualizando as situações da vida.
Enquanto a alfabetização é um processo sistemático realizado principalmente na escola, o letramento depende do meio em que o indivíduo vive, das condições sociais às quais está exposto, aos objetos aos quais tem acesso. Alfabetização sem letramento é desprezar a língua como bem cultural, é o mesmo que criar analfabetos funcionais.