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sexta-feira, 19 de março de 2010

Mundo da fantasia

O primeiro livro, a gente nunca esquece? Sei lá se com todo mundo, mas comigo foi assim. A Família Ratatão foi o primeiro livro da minha vida de leitora. Foi o início de uma sequência de leituras constantes, de um vício incontrolável, de uma fome insaciável por letras, palavras, sensações, idéias.
Mas acho que o letramento independe de alfabetização. Já lemos muitos textos antes de sabermos decodificar as letras. Por isso, não acho que A Família Ratatão tenha sido meu primeiro indício de letramento, mas eu o li ao meu irmão, sentada em um banquinho de frente a ele, entre nós uma mesinha de concreto, no meio da praça Getúlio Vargas, em uma manhã nublada, no ano de 1985.
Li também Lúcia Já Vou Indo. Consigo ouvir a melodiosa letra daquele livro, parece escrita sobre uma estrutura ensaboada de ciranda de roda. Acho que já nasci gostando de ler. Nenhum professor teve problemas em me fazer querer ler alguma coisa. Meus pais sempre foram leitores assíduos.
Lembro-me de meu pai lendo pilhas e pilhas de livros espíritas. Mamãe, professora de história e língua portuguesa. Papai, advogado e escritor. Sempre deram tanta importância aos livros que as estantes lá de casa ficavam na sala de estar.
Na minha adolescência, li todos os volumes da Agatha Christie da Biblioteca Municipal. Lia crônicas em coletâneas e nos jornais. Sempre gostei de Roberto Drummond.
Gosto de sentir o que as personagens sentem, de perder o ar de tanta emoção. Amo textos ambientados em outros tempos, antigos, que me permitem sentir o cheiro de uma época, ouvir os sons de uma paisagem amarelada... Chego a sentir as barbatanas daqueles espartilhos apertando minha cintura.
Acho que, ao estudar Letras, minha paixão pela leitura, pelas entrelinhas, aumentou consideravelmente. Gosto também de livros-documentários. Sei lá, acho que gosto de tudo que é fantasioso e me permite fantasiar.