Twitter / AnaFatimaEduc

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Fauna na cueca

Eu nunca tinha ouvido, até o mês de novembro, que cabiam garoupas, onças e peru dentro de uma cueca. Descobri também que agradecem os ladrões a Deus do Céu por terem uma cueca e serem tão imperfeitos assim, talvez caibam só as garoupas e onças, pois o outro animal já sumiu de medo do dono.
Sabem que pode ser por isso o discurso da oração: - Nós te agradecemos, Pai do Céu, por estarmos aqui, sabemos que somos imperfeitos, somos falhos... Talvez a falha à qual se referem seja a falta do membro fálico, compensada na alta conta bancária. Acabo de me lembrar de uma piadinha que eu ouvia na minha adolescência, um garoto colocava um pacote de Halls dentro do bolso para impressionar as meninas. O dinheiro é uma releitura do Halls.
O que será que essas pessoas aprenderam com seus pais e professores? Qual era o currículo oculto por eles seguido? Substituiriam a inteligência por uma compra de trabalhos prontos, pela cópia de monografias, pelo passar de ano a qualquer preço?
Pois todos sabemos que os erros crescem conosco. Uma pequena mentira contada por uma criança de oito anos é proporcional a uma grande mentira contada por um homem de 35.
Mas aí eu penso: como é que um sujeito tem coragem de roubar dinheiro do povo para compensar um problema fisiológico e ainda agradece a Deus a chance que teve? Que povo é esse que aceita tudo isso e tem medo de ir às ruas e perder o emprego? Em uma república democrática representativa... Enfim, república: coisa pública, do povo; democracia: do povo, para o povo, pelo povo; representativa: quantidade que representa em proporção uma determinada camada social.
Bom, é isso, uma porção representativa de um povo ladrão legisla e administra pelo povo e para o povo uma coisa que é do povo. Um político é um sujeito no qual eu voto para votar por mim em determinadas situações. Se ele me representa bem ele será um fiel retrato da minha pessoa. Muitos eleitores não fazem nada, não dizem nada, não reclamam de nada por se saberem iguais aos representantes.
Muitos pensam fossem eles no lugar do político fariam a mesma coisa. Se eu colocar um honesto lá em cima, o que sobrará pra mim? Se ele não roubar pra ele, não o fará por mim. Se ele roubar e eu descobrir, poderei ganhar um dinheirinho por fora e colocar pra dentro.
Muitos professores pensam assim, por isso a situação tende a ficar cada vez pior. Quando eu concordo com alguma coisa, eu faço essa coisa ter o peso que eu quiser.
O pior, eu acho, não é fazer errado, é fazer errado e continuar achando que está certo. Achar que Deus está do lado do mal. Isso é cachorrada. Se conseguirmos formar nossos alunos para que saibam ser honestos e tenham força interior para lutar contra os desonestos, poderemos ficar tranqüilos de termos feito a coisa certa, certamente.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Construtorial

Alienados ou não, vamos nos construindo, pouco a pouco, lentamente, de um jeito sem volta. Nossas memórias são as percepções que nos fizeram ser o que somos ou o que não somos. A construção de nossa personalidade é feita com pontos de vista vistos do ponto onde somos vistos.
Minha personalidade é feita com retalhos de marcas deixadas por cortes profundos provocados por atitudes de todos os tipos. Ajo de forma a pregar a negação do que foi ruim e a repaginar as boas lembranças. Somos todos máquinas de 1 ou 0, um binário que ou é ou não é. O que é meio termo deu pau, não funciona, tem que ser reconfigurado. Aprender a dizer não foi minha mais recente conquista. Não tenho que ser Mulher Maravilha, não tenho que arcar com as responsabilidades do outro. Cada um deve tomar conta da própria vida, o que já é muito, pois deve ser bem feito. Em 2009 aprendi a dizer não e o que eu aprendi, na realidade, foi dizer sim pra mim. Não é egoísmo, mas tenho que cumprir com minhas obrigações. Fazer o que o outro deveria fazer também é uma forma de alienação e de alienar. Como professora, não posso admitir que meu aluno ache que alguém vai fazer por ele o que ele deve fazer. Esse tipo de governo assistencialista que nos está alienando é uma das amarras encontradas por mim para formar cidadãos participativos. A impressão que eu tenho é que todos vão viver de Bolsa Barriga para o resto da vida.
O jeito que se tem , se é que se tem jeito, é conversar bastante e mostrar exemplos de países formados por indivíduos apáticos frutos de governos assistencialistas e ditadores demagogos.